Ex-presidente é acusado de coordenar tentativas de deslegitimar o governo e ameaçar líderes políticos.
O relatório final da Polícia Federal (PF), divulgado em 21 de novembro de 2024, aponta o ex-presidente Jair Bolsonaro como “líder da organização criminosa” responsável por um plano que visava manter seu poder após a derrota nas eleições de 2022.
Com 884 páginas, o documento foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) e revela a participação de Bolsonaro em diversos núcleos da organização, que inclui 36 outras pessoas indiciadas.
A PF identificou seis núcleos principais dentro dessa estrutura criminosa:
- Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral: Responsável por disseminar informações falsas e desacreditar o processo eleitoral.
- Núcleo de Incitação a Militares: Focado em persuadir membros das Forças Armadas a aderirem ao golpe.
- Núcleo Jurídico: Encarregado de elaborar estratégias legais para legitimar ações golpistas.
- Núcleo Operacional de Apoio: Atuava na coordenação das manifestações contra as instituições democráticas.
- Núcleo de Inteligência Paralela: Usava informações obtidas por canais não oficiais para sustentar a desinformação.
- Núcleo Operacional para Cumprimento de Medidas Coercitivas: Envolvido na execução de ações coercitivas contra adversários políticos.
O relatório destaca que Bolsonaro permeou todos esses núcleos e teve uma participação direta, especialmente no núcleo de desinformação.
As investigações revelaram tentativas de assassinato contra figuras como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro do STF Alexandre de Moraes. Também foram identificados os ataques aos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023. Entre os indiciados estão ex-ministros do governo Bolsonaro, como Braga Netto (Defesa), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Anderson Torres (Justiça).
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, é mencionado como um dos principais operadores do esquema. A PF descreve a organização como bem estruturada e com uma divisão clara de tarefas, permitindo uma operação coordenada contra as instituições democráticas. Essas acusações complicam ainda mais a situação política de Bolsonaro.
Atualmente inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ele enfrenta a possibilidade de uma denúncia criminal formal em 2025. Isso pode impactar sua liderança no campo conservador e suas aspirações para futuras eleições. Em resposta às acusações, Bolsonaro criticou a condução do inquérito pelo ministro Alexandre de Moraes, alegando irregularidades no processo.